“Escravos em Portugal”, de Arlindo Manuel Caldeira
«No dia 6 de Agosto, fugiu uma escrava preta muito baixa, olhos medianos, nariz chato e largo, boca grande e beiçuda, mal feita de corpo e mãos grandes e mal feitas. Levava capa de baetão muito comprida, cor de flor de pessegueiro e saia de chita escura. Na loja da Gazeta de Lisboa se dirá quem é seu senhor, o qual dá de alvíssaras 19$200 réis a quem lha descobrir».
«Quem quiser comprar três escravas, duas pardas e uma preta, fale na loja de Paulo Conrado, na rua dos Capelistas».
Por incrível que possa parecer, ainda no início do século XIX, mais propriamente em 1801 e 1809, os jornais de Lisboa publicavam anúncios como estes.
Escravos em Portugal, do historiador Arlindo Manuel Caldeira, é uma obra inovadora sobre um tema que continua ainda muito ignorado no nosso país e que temos obrigação de conhecer.
Esta não é uma história da escravatura em Portugal, mas sim uma história dos escravos, uma obra única que nos falada história de Lourenço, João, Florinda, Grácia, João de Sá e de muitos outros milhares de escravos, protagonistas involuntários de um regime social injusto, excluídos entre os excluídos, e que viveram em Portugal. Calcula-se que só nos séculos XV a XVIII, o período de maior concentração de mão-de-obra não-livre, tenha havido, no continente e ilhas, um milhão de pessoas sujeitas a cativeiro.
Ao longo do livro ficamos, a saber como era feita a compra e venda de escravos, qual era a relação entre o senhor e o escravo, como era utilizada a mão-de-obra cativa, qual a diferença entre escravos da cidade, do campo ou do paço? E depois da abolição legal como se transformou a vida destas pessoas?
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