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Portugal à Lupa

Há 13 anos a calcorrear o País como jornalista, percebi há muito que não valorizamos, como devíamos, o que é nosso. Este é um espaço que valoriza Portugal e o melhor que somos enquanto Povo.

Portugal à Lupa

Há 13 anos a calcorrear o País como jornalista, percebi há muito que não valorizamos, como devíamos, o que é nosso. Este é um espaço que valoriza Portugal e o melhor que somos enquanto Povo.

UTAD quer patrimonializar a rota do contrabando

Bento Grilo, um dos rostos da memória do contraba

  Bento Grilo, um dos rostos da memória do contrabando.

 

Um estudo da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) traz a lume lugares de memória e testemunhos de antigos contrabandistas da aldeia raiana de Tourém, no concelho de Montalegre, com vista a implementar um processo de patrimonialização de uma rota do contrabando naquele território.

 

Trata-se de um estudo documental, realizado pelo jovem investigador Hugo Carvalho dos Santos, no âmbito do seu mestrado em Comunicação e Multimédia e com a orientação dos docentes Emanuel Peres Correia e Leonel de Castro, que propõe uma reflexão sobre o futuro da fronteira potenciando a memória dos lugares, hoje em vias de desertificação, retratando as pessoas que, em épocas diferentes, participaram nesta atividade clandestina, bem como os percursos, maioritariamente isolados e abrigados, utilizados para o contrabando.

 

Com cerca de uma centena e meia de habitantes, ninguém esconde o passado da localidade ligado ao contrabando, não só de produtos e animais, mas também de pessoas que tentavam, “a salto”, atravessar a fronteira e emigrar para outros países. Com o poder central demasiado longe e durante séculos votada ao esquecimento, a povoação criou laços e métodos próprios de ligação no comércio com o outro lado da fronteira, havendo uma convivência muito próxima entre povos, que por vezes ia contra a inimizade e mesmo a guerra entre os países.

 

O contrabando fazia-se com o café para lá e o bacalhau para cá, mas também petróleo, lingotes de cobre, chumbo, gasóleo, cabeças de gado, vinho e outros bens. Havia códigos de ética entre contrabandistas e códigos estratégicos para enganar as autoridades.

 

«O vinho de Espanha era ruim, mas era barato», testemunha um dos antigos contrabandistas, que em pequeno, antes das aulas, ia ao vinho ao outro lado da raia. Num desses dias foi apanhado e preso pelos guardas com um garrafão de vinho com quatro litros. A sua mãe teve de pagar 450 escudos para o libertarem, o que «naquele tempo valia quase tanto como um bezerro», recorda. E o vinho ainda ficaram os guardas com ele.

 

«Nessa altura tudo comia – refere um dos testemunhos. – Os guardas também comiam. Eles ganhavam mais do que nós. Os maiores contrabandistas eram eles. Comiam bem. Quando deixavam passar um, já tinham comido dois».

 

Rico de memórias de miséria e sofrimento, de histórias humanas vividas por um povo que lutava como podia para sobreviver em terras isoladas, este trabalho propõe constituir-se como «um documento que ajude na preservação e patrimonialização da memória do contrabando e da fronteira de Tourém».

 

Enriquecido com muitas imagens de pessoas e lugares, a rota de contrabando proposta apresenta-se como repositório da memória de uma clandestinidade corajosa com imensos registos, não apenas os ligados ao contrabando, mas também as histórias de pessoas e lugares que auxiliavam a emigração «a salto» e que acolhiam galegos fugidos à ditadura franquista. Nesta mesma rota, realça-se ainda o reconhecimento popular da capela de S. Lourenço que a tradição consagrou como padroeiro dos contrabandistas, uma vez que era junto dela que sucediam muitas das operações clandestinas, na crença de que o santo as auxiliava.

Feira do Porco Alentejano chega em março a Ourique

A Câmara Municipal de Ourique já definiu os dias 23, 24, 25 e 26 de março de 2017 para a realização da XXI edição da Feira do Porco Alentejano.

 

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Durante quatro dias, Ourique Capital do Porco Alentejano acolherá um evento que se consolidou como uma das principais mostras regionais de produtos do Mundo Rural e uma referência nacional e internacional da fileira do porco alentejano.

 

Num evento que consolida a afirmação do porco alentejano como elemento estruturante da economia local, o Município de Ourique, em articulação com a ACPA, está a trabalhar para assegurar uma oferta de excelência na gastronomia, na animação musical, no lazer e na divulgação do melhor do Mundo Rural.

 

Uma vez mais, a Feira acolherá jornadas técnicas e de debate direcionadas para os criadores de porcos alentejanos e para os produtores agroalimentares.

 

Num esforço do município e da comunidade para a afirmação de Ourique como Capital do Porco Alentejano, o certame procurará conjugar o melhor das nossas tradições com abordagens inovadoras ao melhor do nosso Mundo Rural.

Exposição de arte alusiva ao Vinho do Porto no IVDP

Doce, poderoso, intimista, popular. As esculturas de Luís Mendonça contam o universo do Vinho do Porto de um modo que interpela e sugere, seduz e surpreende. Para fruir na sede do Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto (IVDP), no Porto, de 17 de janeiro a 17 de fevereiro de 2017.

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As esculturas-viagem pelo universo do Vinho do Porto de Luís Mendonça, ilustrador, designer, professor universitário e editor, resultam de um trabalho de design em torno da marca Poças Júnior, empresa centenária, familiar e historicamente participante na construção do legado artístico que integra a longa história do Vinho do Porto e que contribuiu para o seu prestígio, no passado, como na atualidade.

 

Numa abordagem que vai muito para além do exercício ao serviço do consumo, as  trinta e três esculturas de Luís Mendonça requerem tempo, valorizam, fomentam uma relação com o público e remetem para a sofisticação. Incluem o respeito pelo património material e simbólico que envolve o Vinho do Porto, mas acrescentam, somam perspetivas, criam e expressam caminhos emotivos, sugerem transformações no hábito social da bebida, novos contextos, lugares e momentos de fruição. Informam e divertem.

 

Na companhia de textos de Emílio Remelhe, autor, artista plástico e professor universitário, as garrafas-escultura ampliam a carga semântica, o poder simbólico e o forte valor histórico, social, económico e cultural deste ícone nacional. São objetos e palavras que convivem e provocam, num festim de sentidos em torno de um Porto que “salva amores” (Boia/LifeCling), “indicado para todo o tipo de incêndios” (Extintor/ExtingWisher) e boa companhia “pela noite dentro, pela noite fora” (Full Fill).

 

A entrada na exposição é gratuita.