Portugal à Lupa: Olhão
Cidade piscatória, recheada de histórias de mar, a imagem do dia hoje na secção "Portugal à Lupa em imagens" é: Olhão.
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Cidade piscatória, recheada de histórias de mar, a imagem do dia hoje na secção "Portugal à Lupa em imagens" é: Olhão.
Bordados à mão da ilha da Madeira, de Viana do Castelo, Açores ou da Lixa. Cerâmica pintada à mão de Coimbra, Alcobaça e Alentejo. Trajes regionais e acessórios de folclore. Estas são apenas algumas das inúmeras peças em mostra e venda na Casa Bordados da Madeira, em plena Baixa de Lisboa há mais de 50 anos. «Tudo produto nacional e genuíno».
Na rua, o bulício comum da Baixa lisboeta. Turistas sobem e descem a Praça dos Restauradores, com o vagar que o passeio impõe. Já os portugueses, uns mais atarefados que outros, correm apressados, avenida acima e abaixo.
Dirigimo-nos à Casa Bordados da Madeira, conhecida como ponto de paragem para quem procura artesanato com cunho tradicional na cidade de Lisboa. A loja, localizada no edifício do hotel Avenida Palace, entre a estação de comboios do Rossio e os Restauradores, é facilmente identificada ao longe. Os toldos, pintados com as cores da bandeira portuguesa, indicam que aqui o produto é tradicional.
Nas montras, bordados, peças em cerâmica pintada à mão de Coimbra, Alcobaça e Alentejo, exemplares de trajes e fatos regionais. À entrada, os manequins vestem a rigor, exibindo trajes regionais da Madeira e de Viana. Já dentro de portas, no espaço amplo da casa, mais trajes e bordados de norte a sul do país.
Fátima Antunes, há 30 anos funcionária da Casa Bordados da Madeira, recebe-nos e acompanha a nossa reportagem na visita ao mundo deste estabelecimento comercial, que terá aberto as portas entre as décadas de 1960/70.
«Não sabemos muito bem a data mas será por essa altura», afirma Fátima, que começa por mostrar a vasta banca de bordados disponíveis na loja.
«Os bordados de Viana (do Castelo) são dos produtos mais procurados», adianta a funcionária, que, garante, «são genuinamente tradicionais, certificados, trabalhados pelas bordadeiras locais e encomendados consoante os pedidos».
De acordo com a responsável, os bordados de Viana «são bastante procurados» nomeadamente por turistas «que conhecem a loja há muitos anos e sempre que regressam a Lisboa, voltam cá».
Lenços de namorados, xailes regionais, toalhas de mesa em linho de Ponte de Lima, lenço regional de Viana com franja em lã, mas também os bordados da Madeira, dos Açores ou da Lixa (região do Vale do Sousa) estão expostos ao longo das longas bancadas da loja, bem como trajes regionais da Madeira e de Viana para todos os tamanhos.
«Não há muito quem faça trajes hoje em dia, sobretudo em Lisboa, sendo que os de Viana e da Madeira são os mais conhecidos e são os que os nossos emigrantes mais compram», sublinha Fátima, realçando que todas as «peças estão identificadas como produto tradicional português».
Numa extensa vitrina os visitantes podem ainda adquirir vários artigos em filigrana, mas também peças decorativas com azulejos, faianças da Bordallo Pinheiro e peças em cerâmica.
Fátima Antunes garante que o sucesso da Casa Bordados da Madeira «deve-se essencialmente à qualidade e ao facto de todos os produtos serem tradicionais e genuinamente portugueses».
Ao contrário de muitas outras lojas, «de portas abertas na cidade e que se dizem de artesanato, mas aquilo é tudo menos português».
«Isso prejudica a qualidade de quem projeta e promove os produtos nacionais porque para se ter sucesso é preciso muito esforço, é certo, mas sem verdade e qualidade, não há garantia para ninguém que esteja neste negócio», alerta a funcionária.
A Casa Bordados da Madeira, fundada por um madeirense que veio para a capital nos anos 50 do século XX, «sempre foi muito direcionada para o turista», sobretudo o europeu e americano, afirma Fátima Antunes, acrescentando que «ainda hoje essa estratégia se mantém».
Contudo, salienta, «nos últimos anos os portugueses já começaram a dar valor ao que é seu e também entram e compram».
Legado do político republicano José Relvas, a Casa dos Patudos, em Alpiarça, foi resgatada, graças aos fundos comunitários, do declínio em que havia entrado na década de 1990, sendo hoje referência do património nacional.
Com o primeiro projeto de reabilitação apresentado em 1998, no mandato do socialista Joaquim Rosa do Céu, a casa que José Relvas (o homem que proclamou a República da varanda da Câmara Municipal de Lisboa em 05 de outubro de 1910) mandou construir no início do século XX, com desenho do arquiteto Raúl Lino, viu travada a degradação que estava a ser provocada pelas infiltrações de água a partir da cobertura.
Começou aí um lento processo de reabilitação concluído em 2013 e que deu à Casa dos Patudos não só a reabilitação do edifício, mas, também, um novo percurso expositivo com a abertura de espaços até aí fechados ao público e o restauro de muitas obras, mostrando a coleção de arte reunida por José Relvas ao longo da sua vida.
«Abriram-se novos circuitos museológicos, proporcionando uma nova visão pelo espaço privado da casa e valorizando a coleção de arte com mais de 8.000 peças», diz à Lusa o conservador do museu, Nuno Prates, que realça as distinções que têm sido atribuídas a um património que se tornou 'ex-libris' do concelho.
Referindo o «aumento significativo» do número de visitas desde 2012, Nuno Prates frisa a «importância enorme para o concelho» de um espaço que se tornou «uma referência na museologia nacional e internacional».
Mário Pereira, presidente da Câmara Municipal de Alpiarça em cujos mandatos (iniciados em 2009) se concretizou o projeto começado pelos seus antecessores, só lamenta que o município (entidade que recebeu o legado de José Relvas) não tenha os meios para a promoção e divulgação que o património que herdou merece.
Para o autarca, a divulgação nacional e internacional da Casa dos Patudos tem de ser articulada com outras ofertas da região e do próprio concelho, como a Reserva Natural do Cavalo do Sorraia, a barragem artificial criada na década de 1980, as estações arqueológicas, a aldeia avieira do Patacão e a praia fluvial (projetos antigos por concretizar por falta de meios), aliados ao vinho e à gastronomia, fazendo com que os visitantes «fiquem mais tempo em Alpiarça».