Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Portugal à Lupa

Há 13 anos a calcorrear o País como jornalista, percebi há muito que não valorizamos, como devíamos, o que é nosso. Este é um espaço que valoriza Portugal e o melhor que somos enquanto Povo.

Portugal à Lupa

Há 13 anos a calcorrear o País como jornalista, percebi há muito que não valorizamos, como devíamos, o que é nosso. Este é um espaço que valoriza Portugal e o melhor que somos enquanto Povo.

Gafanha da Nazaré: caras de bacalhau, um petisco no «Porão»

A gastronomia da Gafanha da Nazaré (Ílhavo) funda-se nas práticas alimentares da comunidade piscatória. No restaurante «O Porão» provamos especialidades que «não se encontram à prova em qualquer lado», como garante o proprietário João Costa. À mesa chega a feijoada de sames, as línguas de bacalhau, comuns na cozinha dos pescadores que embarcavam para a pesca do bacalhau nas gélidas águas do Atlântico.

 

IMG_0106.jpg

 Na imagem, feijoada de samos

 

Há cinco anos que João Paulo Costa está à frente do restaurante «O Porão», localizado na Rua da Saudade, na Gafanha da Nazaré. Uma casa que abriu portas há 17 anos mantendo-se até hoje «fiel à tradição bacalhoeira» regional.

 

Aqui, o «fiel amigo» é rei, como não podia deixar de ser, ou não fosse a Gafanha uma terra profundamente ligada à pesca do bacalhau.

 

N’«O Porão» predominam os pratos tradicionais de bacalhau. Contudo, é nas partes menos nobres e que a indústria «deitava fora» que reside um dos «maiores segredos» da cozinha deste restaurante.

 

Partes essas que, explica João Costa, «eram aproveitadas pelos pescadores para alimentar o estômago» nos longos meses que passavam no mar.

 

No seu restaurante são «estas partes» que se servem «também à mesa» com «a mesma dignidade» dos restantes afamados pratos de bacalhau. Um deles é a famosa feijoada de sames, expressão que os bacalhoeiros chamaram de «Samos», e confeccionada com a bexiga-natatória do peixe.

 

As línguas de bacalhau são outra especialidade da casa e «um verdadeiro petisco» procurado «por muitos clientes» que ali se deslocam propositadamente para as provar.

 

Tanto os sames como as línguas são conservados em salmoura e «antes de serem cozinhados são também demolhados para retirar o sal em excesso», explica o responsável daquele estabelecimento.

 

Mas para aqueles que gostam de petiscos n’«O Porão» há um prato que contém todas estas partes menos consumidas: é o designado «misto de bacalhau abafado», confeccionado com os tais derivados [línguas, caras, sames e badanas (a orelha do bacalhau)].

 

João Costa não tem dúvidas: «o bacalhau é uma fonte riquíssima da economia da região e do país e por isso mantém a aposta na restauração e no estabelecimento».

"Os lanifícios em Mangualde"

No próximo dia 21 de outubro, a Câmara Municipal de Mangualde promove a palestra “Os lanifícios em Mangualde e as minhas histórias”, com Fernando Lopes.

 

pict5513edited.jpg

 

A iniciativa realiza-se às 21h00, no Auditório da Câmara Municipal e é de entrada livre.

 

O início da instalação dos armazéns de lanifícios, produzidos nas fábricas da Covilhã, de Gouveia e de Seia, aconteceu em Mangualde no princípio do século XX.

 

Esta atividade comercial foi determinante para o desenvolvimento económico e social da vila de Mangualde, até à década de 60 do século passado, altura em que o paradigma se altera e se verifica o paulatino desaparecimento dos lanifícios, vitimado pelas confeções de pronto a vestir. Na sessão será ainda possível ouvir o testemunho, em discurso direto, das vivências do palestrante enquanto representante de vendas de um dos mais de 15 armazéns que aqui chegaram a existir.

Cartaxo: «memórias fotográficas» cataloga história local

Preservar e catalogar a memória coletiva do Cartaxo. Estes são os principais objetivos do projeto-piloto intitulado «Memórias fotográficas do Cartaxo», impulsionado por três jovens desta cidade ribatejana. A iniciativa começou em janeiro de 2013, e já conta com milhares de fotografias e documentos, oriundos de múltiplos arquivos fotográficos locais. Replicar o conceito a outras localidades é uma das intenções futuras dos mentores destas Memórias.

 

Capturar.JPG

 

Naturais do Cartaxo, têm em comum, «o amor à terra e à fotografia». A frase é de Carlos Gaspar, um dos autores da iniciativa «Memórias fotográficas do Cartaxo», e que, juntamente com Rui Bernardo e Telmo Monteiro, trabalha na recolha, digitalização e preservação de fotografias antigas do concelho.

 

Um trabalho «de partilha», como lhe chama Carlos Gaspar, já que depois do trabalho de digitalização «as pessoas podem registar-se no site e catalogar “memórias”, que mais não são do que identificar pessoas, locais, realidades, ajudando, assim, a preservar memórias locais».

 

E dá um exemplo: «conhecemos o caso de uma senhora, de 70 anos, uma das mais activas participantes do projecto. Todos os dias passa uma hora do seu serão, com a mãe, de 90 anos, a catalogar e a ajudar a identificar pessoas, locais, realidades. E diz sempre que encara o “Memórias” como um desafio à sua memória e à da mãe. E isto é muito gratificante e valioso».

 

A iniciativa nasceu em janeiro de 2013, quando os três cartaxenses começaram a divulgar o projecto através dos órgãos de informação local e numa página criada para o efeito na rede social Facebook.

 

A partir daqui, e depois de vários contactos com algumas coletividades do concelho e particulares, «percebemos que a adesão e disponibilidade das pessoas para colaborarem no projeto era imensa».

 

O sucesso levou-os à criação do site (em Julho de 2013), espaço onde atualmente disponibilizam cerca de duas mil fotografias e documentos, oriundos de múltiplos arquivos fotográficos do Cartaxo, com fotografias que vão desde a década de 1860 até à atualidade.

 

Com a ajuda da comunidade e das coletividades já têm 5300 “memórias” registadas, «com 2500 nomes de cartaxeiros de várias gerações identificados nas fotografias».

 

«Documentos e memórias valiosos quer para o património, quer para o concelho», considera Carlos Gaspar.

 

O site, acrescenta o responsável, «permite a colaboração de todos os internautas no projeto», sendo que os utilizadores «podem realizar o upload de fotografias e colaborar na catalogação das fotografias, através do registo livre de “memórias”, construindo-se assim um grande álbum coletivo e estabelecendo-se como um museu-vivo da história local».

 

Ao todo, neste momento contam, até ao momento, com a colaboração de 274 participantes registados no site e que ajudam na referida catalogação.