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A história da máquina de escrever conta mais de dois séculos. Hoje, num tempo em que a comunicação se faz ao segundo e sobre inúmeros suportes, Portugal conta com um museu que pretende reavivar memórias de uma escrita que se fazia com outro compasso. Neste caso, o som seco e determinado da batida das teclas da máquina de escrever. São 300 exemplares reunidos num espaço que lhe é dedicado na Golegã.
Fotos - Câmara da Golegã
A máquina de escrever, cuja produção remonta ao final do século XIX, é mote para um museu onde o visitante pode apreciar de perto exemplares representativos da história desta ferramenta de escrita, assim como algumas marcas carismáticas a ela associadas: Remington, Underwood, Smith Corona ou a Hammond.
É no edifício da biblioteca municipal da Golegã, na Rua da Oliveira, mesmo no centro da «capital do Cavalo», que nasceu em setembro de 2013, este que é o único museu existente em Portugal dedicado à máquina de escrever. Um espaço integrado na Rede de Museus da Câmara Municipal da Golegã.
Uma iniciativa museológica, como refere Carlos Vieira, do município da Golegã, que teve a sua origem num «encontro de vontades e interesses entre a autarquia da Golegã e um colecionador particular, Artur Azinhais, possuidor de uma coleção composta por mais de 300 modelos de máquinas de escrever, todas manuais, algumas bastante raras, incluindo alguns exemplares de formatos invulgares e pouco comuns».
O museu, que ocupa quatro salas, conta com um acervo de centenas de máquinas assim como suporte documental (cartazes, postais, fotografias) relacionado com as coleções e acessórios.
Uma mostra que apresenta modelos fabricados em todo o mundo. Alemanha, França, Estados Unidos da América, estão presentes com algumas das suas marcas mais representativas. Uma exposição que começando no final do século XIX, atravessa todo o século XX, até às décadas de 1970 e 1980.
O museu apresenta pelo menos uma máquina de escrever de cada década, desde 1880, e «permite fazer uma leitura da evolução tecnológica e de fabrico».
Há ainda um serviço de visitas onde que disponibiliza um filme sobre o funcionamento dos modelos mais significativos da história da mecanografia.
«O visitante pode, ainda, consultar o catálogo do museu (ou adquiri-lo) e experimentar teclar nas máquinas disponíveis para o efeito», adianta Carlos Vieira.
Carlos Vieira acrescenta ainda que o espaço tem suscitado «grande interesse quer junto da população, quer junto do público em geral, com pedidos vários, de recolhas de máquinas de escrever e ofertas de objetos ligados à história da escrita».
Recorde-se que as máquinas de escrever, tal como as conhecemos, apareceram nos últimos anos do século XIX (com a marca Remington). A democratização desta forma de escrita, apoiada num mecanismo, deu-se com o surgimento de outras marcas no mercado.
A máquina de escrever tornou-se indispensável no mundo dos negócios e surgiu como um instrumento das novas oportunidades de emprego, sobretudo da emancipação da mulher no mercado de trabalho. Com um maior acesso à escolaridade, assistiu-se à criação de profissões femininas socialmente consideradas, em que o curso de dactilografia era ministrado para o uso das máquinas de escrever.
A configuração mecânica e a forma definitiva da máquina de escrever portátil, que tornou viável o seu uso em qualquer lugar, chegou com a Standard, em 1907.
Com a evolução tecnológica, o fim da produção de máquinas de escrever tornou-se uma certeza. O calendário assinala a data de abril de 2011, momento em que terminou a produção industrial daquelas máquinas, com o encerramento da multinacional Godrej & Boyce, em Bombaim (Índia).