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Portugal à Lupa

Há 13 anos a calcorrear o País como jornalista, percebi há muito que não valorizamos, como devíamos, o que é nosso. Este é um espaço que valoriza Portugal e o melhor que somos enquanto Povo.

Portugal à Lupa

Há 13 anos a calcorrear o País como jornalista, percebi há muito que não valorizamos, como devíamos, o que é nosso. Este é um espaço que valoriza Portugal e o melhor que somos enquanto Povo.

Em janeiro de 2017 começa em Lisboa a I Pós-Graduação de Turismo de Cruzeiros

No próximo dia 28 setembro será apresentada no Campus do Lumiar - ISEC, em Lisboa, a Primeira Edição da Pós Graduação “Turismo de Cruzeiros”, que terá início a 17 de Janeiro em horário pós-laboral e que terá a duração de dois semestres.

 

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A Pós Graduação “Turismo de Cruzeiros” é coordenada por Fernando Santos, Especialista em Turismo de Cruzeiros, contando com docentes académica e profissionalmente qualificados nas áreas consideradas e ainda com a participação de convidados da indústria dos cruzeiros com o objetivo de garantir uma transmissão de conhecimentos e desenvolvimento de competências assentes nas boas práticas e avanços tecnológicos reconhecidos pela comunidade académica e profissional internacional, de forma estimulante e efetiva.

 

A pós graduação é promovida pelo ISEC em parceria com a Globalsea.

150 anos de “A Queda dum Anjo” com edição em mirandês

150 anos depois do lançamento da primeira edição de “A Queda dum Anjo”, de Camilo Castelo Branco, a obra foi traduzida em língua mirandesa, por Alfredo Cameirão, e vai ser apresentada na Biblioteca da Assembleia da República.

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É esta a grande homenagem da Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão e da Casa de Camilo a “Calisto Elói de Silos e Benevides de Barbuda, morgado da Agra de Freimas, nascido em 1815, na aldeia de Caçarelhos, termo de Miranda”, o herói deste romance satírico de Camilo.

 

A iniciativa insere-se no programa da terceira edição dos Encontros Camilianos de São Miguel de Seide, que vai realizar-se a 7, 8, 15 e 18 de outubro, em Vila Nova de Famalicão, Caçarelhos em Vimioso, Miranda do Douro e Lisboa.

 

Considerada a mais atual e moderna obra de Camilo Castelo Branco, “A Queda dum Anjo” descreve de maneira caricatural a vida social e política portuguesa, através de uma parábola humorística na qual o protagonista, Calisto, um fidalgo austero e conservador, encarna de maneira satírica o povo português. Ao ser eleito deputado, Calisto vai para Lisboa, onde se deixa corromper pelo luxo e pelo prazer que imperam na capital.

Golegã: memórias da máquina de escrever em Museu

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A história da máquina de escrever conta mais de dois séculos. Hoje, num tempo em que a comunicação se faz ao segundo e sobre inúmeros suportes, Portugal conta com um museu que pretende reavivar memórias de uma escrita que se fazia com outro compasso. Neste caso, o som seco e determinado da batida das teclas da máquina de escrever. São 300 exemplares reunidos num espaço que lhe é dedicado na Golegã.

 

Fotos - Câmara da Golegã

 

A máquina de escrever, cuja produção remonta ao final do século XIX, é mote para um museu onde o visitante pode apreciar de perto exemplares representativos da história desta ferramenta de escrita, assim como algumas marcas carismáticas a ela associadas: Remington, Underwood, Smith Corona ou a Hammond.

 

É no edifício da biblioteca municipal da Golegã, na Rua da Oliveira, mesmo no centro da «capital do Cavalo», que nasceu em setembro de 2013, este que é o único museu existente em Portugal dedicado à máquina de escrever. Um espaço integrado na Rede de Museus da Câmara Municipal da Golegã.

 

Uma iniciativa museológica, como refere Carlos Vieira, do município da Golegã, que teve a sua origem num «encontro de vontades e interesses entre a autarquia da Golegã e um colecionador particular, Artur Azinhais, possuidor de uma coleção composta por mais de 300 modelos de máquinas de escrever, todas manuais, algumas bastante raras, incluindo alguns exemplares de formatos invulgares e pouco comuns».

 

O museu, que ocupa quatro salas, conta com um acervo de centenas de máquinas assim como suporte documental (cartazes, postais, fotografias) relacionado com as coleções e acessórios.

 

Uma mostra que apresenta modelos fabricados em todo o mundo. Alemanha, França, Estados Unidos da América, estão presentes com algumas das suas marcas mais representativas. Uma exposição que começando no final do século XIX, atravessa todo o século XX, até às décadas de 1970 e 1980.

 

O museu apresenta pelo menos uma máquina de escrever de cada década, desde 1880, e «permite fazer uma leitura da evolução tecnológica e de fabrico».

 

Há ainda um serviço de visitas onde que disponibiliza um filme sobre o funcionamento dos modelos mais significativos da história da mecanografia.

 

«O visitante pode, ainda, consultar o catálogo do museu (ou adquiri-lo) e experimentar teclar nas máquinas disponíveis para o efeito», adianta Carlos Vieira.

 

Carlos Vieira acrescenta ainda que o espaço tem suscitado «grande interesse quer junto da população, quer junto do público em geral, com pedidos vários, de recolhas de máquinas de escrever e ofertas de objetos ligados à história da escrita».

 

Recorde-se que as máquinas de escrever, tal como as conhecemos, apareceram nos últimos anos do século XIX (com a marca Remington). A democratização desta forma de escrita, apoiada num mecanismo, deu-se com o surgimento de outras marcas no mercado.

 

A máquina de escrever tornou-se indispensável no mundo dos negócios e surgiu como um instrumento das novas oportunidades de emprego, sobretudo da emancipação da mulher no mercado de trabalho. Com um maior acesso à escolaridade, assistiu-se à criação de profissões femininas socialmente consideradas, em que o curso de dactilografia era ministrado para o uso das máquinas de escrever.

 

A configuração mecânica e a forma definitiva da máquina de escrever portátil, que tornou viável o seu uso em qualquer lugar, chegou com a Standard, em 1907.

 

Com a evolução tecnológica, o fim da produção de máquinas de escrever tornou-se uma certeza. O calendário assinala a data de abril de 2011, momento em que terminou a produção industrial daquelas máquinas, com o encerramento da multinacional Godrej & Boyce, em Bombaim (Índia).

Estoi: Armando, o oleiro que nasceu «no meio do barro»

Bem-disposto, Armando Martins fala do seu percurso, ao mesmo tempo que manuseia o barro de forma ágil e quase sem olhar para a roda. Filho e neto de oleiros, Armando, natural de Estoi (concelho de Faro), aprendeu o ofício da família e mantém viva uma arte que vai resistindo no interior algarvio.

 

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É com uma aula ao vivo que conhecemos a arte de Armando, que desde o início do século XX deu ao Algarve a fama de labor oleiro.

 

«Durante todo o século passado haviam grandes centros de olaria na região, não só em Estoi, mas também em Moncarapacho (freguesia do concelho de Olhão) e Loulé», recorda o artesão.

 

É nos campos da localidade algarvia que apanha a argila verde e de tons vermelhos que usa nas peças que executa. Para que «não partam é necessário misturar várias qualidades». «Se só usar um tipo de argila corro o risco de se partirem, seja na secagem, seja no forno», explica.

 

Na sua oficina designada por “Nova Olaria”, no sítio da Alcaria Branca, em Estoi, e de onde é natural, conta com várias máquinas de moagem do barro «até ficar em espécie de farinha».

 

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«Só se chega às peças depois de moído, sendo depois misturado com água fria e argila em pó. Vai depois a amassar numa máquina a que chamamos amassadeira», revela António, realçando que ainda se recorda do tempo em que «se amassava com os pés e as mãos», à falta de maquinaria.

 

O trabalho na roda é, assegura, «o mais fácil». «Colocamos a massa e depois é criar, ter imaginação ou simplesmente dar conta dos pedidos», afirma.

 

Trabalho, garante, não lhe falta. Chega a ter mil encomendas por semana. «Não me queixo mas sou o único que ainda resiste na família a manter o ofício», diz em tom de lamento, acrescentando que os filhos, dois rapazes, «aprenderam a olaria mas não querem seguir a arte».

 

«Compreendo-os. Hoje os jovens precisam de outras coisas que os aliciem mais», considera o oleiro que, nas horas livres, dedica-se ao fabrico de alcatruzes para a apanha do polvo.

 

Armando faz de tudo. Desde pratos, panelas, cinzeiros, peças decorativas, cântaros, jarras e vasos.

 

Sendo um dos últimos oleiros em atividade em Estoi, Armando dedica-se igualmente à formação, não só na sua oficina mas também com o projecto TASA - Técnicas Ancestrais, Soluções Atuais (iniciativa que pretende recuperar os saberes tradicionais, conferindo-lhes imagem e design moderno e que, ao mesmo tempo, incentiva os jovens para atividades relacionadas com o artesanato).

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Com 50 anos, Armando não se vê a fazer mais nada, sobretudo porque, sublinha, «nasci no meio do barro, em família de oleiros (avô, pai e quatro tios todos trabalharam a arte), e naquele tempo era difícil ser-se outra coisa, sobretudo quando já havia tradição nas famílias». 

 

Não se queixa porque, garante, «é feliz com a sua profissão». Lamenta, contudo, que os jovens «tenham de prosseguir outros caminhos, compreensíveis».

 

«A verdade é que sem passagem de testemunho um dia, o pouco que resta, morrerá. Ficam as obras, se não se partirem», remata, sempre com a mesma boa disposição que o caracteriza.