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Portugal à Lupa

Há 13 anos a calcorrear o País como jornalista, percebi há muito que não valorizamos, como devíamos, o que é nosso. Este é um espaço que valoriza Portugal e o melhor que somos enquanto Povo.

Portugal à Lupa

Há 13 anos a calcorrear o País como jornalista, percebi há muito que não valorizamos, como devíamos, o que é nosso. Este é um espaço que valoriza Portugal e o melhor que somos enquanto Povo.

Plangaio: descubra uma especialidade gastronómica única

É um enchido mas não tem a forma característica das chouriças ou dos paios, feito com massa de farinheira mas os ossos dão-lhe um paladar diferente. Tradicionalmente é cozido e servido com couves mas a sua versatilidade permite ser preparado de outras formas e assume-se como uma especialidade de algumas localidades do concelho de Proença-a-Nova, mas foi conquistando o seu espaço e hoje assume-se como um produto gastronómico cada vez mais apreciado e procurado.

 

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Texto: Câmara de Proença-a-Nova

 

Assim é o plangaio, um enchido tradicional feito com a massa da farinheira mas à qual se juntam os ossos do espinhaço do porco. De acordo com uma recolha efetuada há alguns anos, o plangaio é quase exclusivo das freguesias de Sobreira Formosa, Montes da Senhora e Alvito da Beira, no concelho de Proença-a-Nova, sendo também feito na Isna de Oleiros e em Fonte Longa – Sarzedas, ainda que neste último caso tenha um nome diferente. No entanto, o contacto entre famílias levou a que a tradição do plangaio ultrapassasse a ribeira do Vale D’Urso, sendo feito em outras localidades do concelho mas sem a expressão que conhece nas aldeias mais a norte em que era presença obrigatória em qualquer fumeiro.

 

Uma das razões que explica a aceitação do plangaio prende-se com o facto de que tudo no porco se aproveitar para comer, incentivando à criação de produtos diferentes utilizando os mesmos ingredientes: o plangaio permite rentabilizar os ossos do porco, criando um enchido mais rico que a farinheira. Essa massa é colocada na bexiga do porco ou na pele do entrecosto, em pequenas bolsas individuais pouco maiores que uma bola de ténis. Tal como os restantes enchidos, também o plangaio é fumado, estando pronto a ser consumido por alturas do carnaval: a receita era simples e aproveitava uma das hortícolas que predomina nas hortas nessa época do ano. As couves eram normalmente cozidas na mesma água em que se cozia o plangaio para assim aproveitar ainda mais o seu sabor. Havendo uma menor quantidade de plangaios, estes eram essencialmente servidos em dias de festa.

 

Atualmente, qualquer época do ano é boa para se comer o plangaio, até pelas diferentes formas como pode ser servido. Carlos Alves, da Associação de Divulgação Cultural de Sobreira Formosa, apresenta algumas dessas variações: “no Passeio de Automóveis Antigos oferecemos o plangaio que, depois de cozido, é cortado ao meio e levado a tostar no forno, o que vai retirar mais alguma gordura que tenha e a própria farinha acaba por ficar crocante. Se em cima acrescentarmos uma rodela de cebola fica ainda melhor e dá para fazer umas tostas espetaculares. O meu filho inventou uma entrada fantástica que é feita em massa folhada com plangaio e maça reineta. Nestes casos, é preciso separar os ossos com os quais se pode fazer uma sopa com feijão branco e couve”.

 

Para além do plangaio, existem igualmente outras receitas menos conhecidas de enchidos e petiscos confecionados com a carne de porco. É o caso do bucho de arroz: “no fim de contas é um maranho com carne de porco, mas leva coloral e a hortelã”, explica Carlos Alves. Este bucho de arroz é cheio no estômago do porco. Em algumas localidades do concelho é também costume aproveitar os restos da massa da farinheira para fazer cadarrapos, juntando ovos e farinha de trigo à massa, consoante a consistência que se pretenda. Depois este preparado é frito, seguindo o mesmo modo de fritar das pataniscas de bacalhau.

 

O plangaio vai estar em destaque na edição deste ano da Feira de Outono – Festival do Plangaio. Durante o evento, a decorrer em Sobreira Formosa nos dias 24 e 25 de setembro, vão ser dinamizadas sessões de cozinha ao vivo apresentando alternativas à forma tradicional de cozinhar o plangaio, mantendo o paladar que lhe é característico.

Há um portal que dá a conhecer a genealogia do Algarve

Chama-se Portal de Genealogia do Algarve e pretende «divulgar as relações familiares de todos aqueles que nasceram, casaram, viveram ou faleceram no sul do país».

 

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A base de dados de livre acesso contém informação relativa aos municípios de Albufeira (35 370 indivíduos), Lagoa (41 550 indivíduos), Monchique (22 710 indivíduos), Portimão (58 890 indivíduos) e Silves (36 090 indivíduos).

 

Conta com 200 mil nomes, e mais de 2 milhões e 500 mil dados registados, divididos entre nome, apelido, filiação, data de nascimento, data de casamento, data de óbito, local de nascimento, local de óbito, residência, freguesia, profissão, título, estatuto social, causa da morte, notas biográficas e fotografias.

Reguengos de Monsaraz: do Alentejo para o mundo, um gin lentamente destilado

«Lentamente destilado no Alentejo» o Sharish Gin nasceu em 2013 em Reguengos de Monsaraz pelas mãos de António Cuco, um antigo professor de Turismo que se aventurou, de forma autodidacta, a criar uma bebida confecionada a partir de Maçã Bravo de Esmolfe e ingredientes botânicos. Em poucos meses António criou a marca, já vende de norte a sul e exporta para Angola e Bélgica, superando as expectativas iniciais e tendo ultrapassado a produção prevista para os três primeiros anos. 

 

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Texto: Ana Clara

 

A ideia de criar a marca «Sharish Gin» tal como hoje é conhecida, conta António, começou em setembro de 2013 «com uma brincadeira de amigos», e que aliada a uma situação de desemprego conduziu a um «caso sério de sucesso empresarial».

 

«Começou numa jantarada com um grupo de amigos, onde me desafiaram a fazer o meu próprio gin. Primeiro achei piada mas depois percebi que podia ser uma realidade. Pus mãos à obra, fiz imensas pesquisas na internet, vi inúmeros vídeos e li vários livros. Todos os dias dedicava-me cinco a seis horas a estudar todos os processos», conta. E sempre sozinho, enfatiza.

 

A primeira coisa que fez foi «tentar comprar álcool» já que o gin «é feito a partir de álcool neutro». «Para isso pensei na vodka que, em certo ponto, é semelhante ao gin, a diferença é que a vodka continua neutra e o gin é aromatizado. Então, tendo vodka facilmente chegava o ao álcool. Comprei vodka redestilei-a, tirei a água e obtive o que queria», recorda o antigo professor de Turismo.

 

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A experiência de principiante, lembra, foi feita numa panela de pressão antiga que tinha em casa. «Fui ver o preço dos alambiques mas eram muito caros. Como estava ainda numa fase de testes decidi fazer a experiência numa panela de pressão, na que fiz adaptações para destilar».

 

A receita que criou para o gin é simples: «A minha avó é de Borba e na Feira de Todos-os-Santos (no início de novembro) havia sempre maçãs Bravo de Esmolfe, colhidas na serra de São Mamede, e vendidas na Feira. Desde miúdo que me recordo de as comer e do cheiro que inundava aquele lugar. Um dos ingredientes que soube logo que ia incorporar era a maçã e, já que em Portugal temos o produto DOP – Denominação de Origem Protegida, falei com uma Associação de Sernancelhe com a qual estabeleci depois uma parceria».

 

À maçã juntou os botânicos, que mais não são que os ingredientes do gin (cascas de laranja e limão frescas lúcia-lima, zimbro, cravinho, baunilha e canela). Os primeiros gins nasciam assim em outubro de 2013. Daí ao lançamento do negócio foram meses. A 24 de abril de 2014 lançava o produto no mercado e de meses alcançava um sucesso «nunca antes imaginável».

 

Sobre os processos, António refere que «tudo é destilado em separado, junta-se os botânicos e fazemos uma infusão pós-destilação, conferindo-lhe aromas diferentes. A maçã dá-lhe, por exemplo, um caráter redondo, fácil de beber e muito suave». Todo o processo de destilação dura cerca de oito horas. Já o «lentamente destilado no Alentejo», slogan da marca, não podia ser mais claro, «nos alambiques o gin corre mesmo muito lentamente», conta.

 

Naturalmente Monsaraz…

 

E de onde vem o termo «Sharish»? À pergunta, António Cuco sorri e diz de imediato com orgulho que «só fazia sentido escolher a imagem de Monsaraz para o rótulo, porque é dos meus locais preferidos, porque é dos lugares mais bonitos que temos».

 

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«De caráter português e produzido no Alentejo vai buscar o nome à vila de Monsaraz. “Sharish” era o termo utilizado durante a ocupação muçulmana e que significa “xara” ou “jara” (esteva). Assim, “Mont Sharish” significava monte erguido num impenetrável brenhal de estevas originando posteriormente Monsaraz», conta, acrescentando que «só faria sentido com a imagem de Monsaraz».

 

Mas o sucesso não se faz sem números sobretudo no momento particular que atravessa a economia nacional. E os de António mostram, como ele próprio corrobora, «que é possível, desde que se acredite no produto e naquilo que se faz».

 

 «Há muito a ideia de que o gin não é feito cá. Mas é. Os alambiques são portugueses, com baldes de infusões portugueses, as rolhas são portugueses, os rótulos são feitos por portugueses», afirma.

 

Por fim, recorda que «todo o projeto foi pensado para tempos de crise, e por isso baseia-se em ter custos fixos reduzidos dando folga maior aos custos variáveis. Quero crescer mas de forma sustentável», remata.

Em 2017 nasce em Odeleite mais uma praia

A Câmara de Castro Marim tem em marcha um projeto de criar uma praia fluvial em Odeleite.

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A mesma, que pretende potenciar o turismo, terá zonas verdes, apoios de praia e uma zona de lazer.

 

«Se complementarmos esta oferta gastronómica com uma praia fluvial, será ouro sobre azul. Vejo nisto uma maneira de vencer a desertificação e o isolamento. Penso que as coisas estão bem encaminhadas para que Odeleite consiga dar a volta por cima», acredita Francisco Amaral, presidente da autarquia de Castro Marim, em declarações ao Sul Informação.