Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Portugal à Lupa

Há 13 anos a calcorrear o País como jornalista, percebi há muito que não valorizamos, como devíamos, o que é nosso. Este é um espaço que valoriza Portugal e o melhor que somos enquanto Povo.

Portugal à Lupa

Há 13 anos a calcorrear o País como jornalista, percebi há muito que não valorizamos, como devíamos, o que é nosso. Este é um espaço que valoriza Portugal e o melhor que somos enquanto Povo.

Castelo Branco recebe Bienal do Azeite 2016

azeite99.jpg

 

Depois da 4.ª edição, que, em 2014, levou 148 expositores e cerca de 70.000 visitantes a Castelo Branco, a Bienal do Azeite regressa à cidade, entre 1 e 3 de julho. O tema central da edição deste ano é “O azeite na dieta mediterrânica”. Uma iniciativa que irá debater o tema do azeite mas também conta com inúmeras atividades, incluindo provas. 

 

São Bento da Contenda: português oliventino resiste do outro lado do Guadiana

Na aldeia de São Bento da Contenda, a sul de Olivença, ainda se fala português oliventino. Os mais velhos continuam a ser guardiões das palavras que recordam tempos de uma terra outrora portuguesa. A localidade, que deve o nome a antigas disputas seculares travadas com outras localidades vizinhas, avista-se ao longe, com a planície a lembrar o Alentejo a pintar a paisagem, apenas interrompida pelo casario, de casas baixas, caiadas de branco, que se avista lá longe, no horizonte.

sao bento da contenda 03.jpg

 

 

Fotos | Ana Clara

 
São seis da tarde. Aqui, na aldeia histórica de São Bento da Contenda, no município de Olivença, chega mais cedo o frio que antecipa o outono que está à porta. Entramos na localidade e ouve-se apenas o chilrear dos pássaros. Nas ruas não se vê viv’alma. Um cenário que parece contrariar os números que ditam que, ao todo, são 500 os habitantes que aqui residem.

 

A igreja matriz, mesmo no centro, assemelha-se a uma capela típica do Alentejo, e constitui o património local mais significativo. Dedicada a S. Bento, tem traços de influência portuguesa, e tem os traços arquitetónicos lusitanos, imitando, quase na perfeição, uma qualquer capela em Portugal.

 

O largo da Igreja, vazio, depressa se enche com um grupo de crianças que, em grande algazarra, surge repentinamente de uma das ruas laterais à capela. A arfar pela correria que as motiva e entre brincadeiras, sorrisos e algumas traquinices vivem a sua infância tranquilamente, protegidas pelos mais velhos que, das janelas, não os perdem de vista.

 

António Lopes Gomes e Castora confirmam: «vivemos aqui no largo e vamos olhando pelos netos dos outros». O casal, com raízes familiares em Vila Viçosa, mostra a hospitalidade «comum a toda a aldeia», como diz António, ao mesmo tempo que convida para um chá de hortelã e um bolinho de arroz.

 

A conversa desenrola-se na Língua de Camões, «meio espanholada», como diz Castora. «Eu aprendi com os meus pais, em casa, que falavam português entre eles».

 

António, 88 anos, recorda, com os olhos a encherem-se de água, os tempos de infância em que aprendeu a falar português. Foi graças ao avô, que, nos anos 40 do século passado, falava com ele «num português quase perfeito». «Mas era só em casa, que na escolha tinha de ser em castelhano», confessa.

sao bento da contenda 04.jpg

 

 

As filhas já não cumpriram o mesmo destino. «Nenhuma delas fala português oliventino. Nem querem….», afirma, em tom aborrecido.

 

O que mais se orgulha, refere António, é da «pronúncia alentejana». «Mesmo estando deste lado da fronteira quando vem cá alguém de fora, de Portugal claro, ficam muito admirados, pois dizem que pareço mais alentejano do que espanhol. O sotaque herdei-o do meu avô».

 

«Portunhol»

 

Castora e António não trocam São Bento da Contenda «por nada neste mundo», apesar de lamentarem a perda de tradições portuguesas, como o folclore, que foram desaparecendo com a «castelhanização de Olivença», como recorda o antigo agricultor.

 

Porém, em casa, a gastronomia continua a não esquecer o país vizinho: «comemos açorda, bacalhau e muitas migas».

 

Paco Rodrigues Ferreira é motorista. É no café Central da aldeia que o vamos encontrar. Ao balcão, em pé, descontrai do dia de jorna que chegou ao fim. Uma cerveja e um prato de tremoços acompanha-o no momento de ócio do dia. Aos 42 anos reconhece que ainda «não perdeu o que os pais lhe ensinaram». A ele e aos oito irmãos de Paco.

 

«Falavam português em casa e foi sempre com eles que aprendi a língua». Apesar de cada vez falar menos, diz, em tom de brincadeira: «hoje em dia falo mais ‘portunhol’», provocando risos entre os amigos que o acompanham no «copo» ao balcão.

 

Francisco Franco Brito ri-se quando lhe perguntamos o nome. Também está no café da aldeia e acompanha Paco na cerveja. «Não tenho um apelido de boa memória», refere este homem de 76 anos, recordando o antigo ditador e chefe de Estado espanhol, no poder entre 1938 e 1973. Francisco viveu 49 anos na Catalunha.

 

«As dificuldades daquele tempo levaram-me a emigrar. Voltei há uns anos e é na minha terra que quero morrer», realça. Como todos os habitantes de São Bento da Contenda acima dos 60 anos fala num português oliventino compreensível e garante que falar na Língua de Camões é, «mais coisa menos coisa», como «aprender a andar de bicicleta, aprende-se para toda a vida».

 

Uma rua abaixo vamos encontrar Carlos Rodrigues, irmão de Paco, que nos convida a entrar na sua casa. Aos 37 anos, motorista de autocarros, tal como o irmão, aprendeu português com os pais. É dos poucos, da geração mais nova, que ainda fala fluentemente. Já os filhos, de três e seis anos, diz, «já não vão aprender como eu, apesar de entenderem algumas palavras.

 

À medida que o tempo foi passando, os mais novos foram deixando de ouvir os pais e, obviamente, que isso fará com que daqui a uns anos já ninguém na aldeia fale português».

 

É tarde e a noite já caiu em São Bento da Contenda. O relógio da Igreja Matriz bate nove badaladas. É hora de deixar a aldeia descansar no meio do mesmo silêncio que a encontramos.

 

Eduardo Naharro, professor de Português em Olivença, que nos acompanhou na visita, refere que «é fundamental recuperar o português oliventino» em São Bento da Contenda e também em Olivença.

 

No caso desta aldeia, onde melhor ainda se conserva a oralidade, há um projeto em preparação, promovido pela Associação Além Guadiana, que pretende fazer a recolha e documentação sobre o português que por aqui resiste. «A iniciativa contempla também a transcrição fonética para se estudar as diferenças entre aldeias. E para vermos as próprias diferenças do português oliventino e a língua portuguesa», afirma.

Pendões ao alto em Miranda do Douro

Pelo segundo ano consecutivo a Câmara Municipal de Miranda do Douro organiza a Festa dos Pendões, sábado, dia 9 de julho, a partir das 10h30, durante a qual vão desfilar pelas ruas da cidade mirandesa cerca de 60 pendões, provenientes das aldeias mirandesas e das regiões espanholas de León, Aliste e Sayago.

Cartaz Pendões.jpg

 

Com esta celebração, a autarquia mirandesa pretende «revitalizar a tradição e uso dos pendões mirandeses que, não há muito tempo, existiam e eram orgulhosamente ostentados em todas as aldeias da Terra de Miranda, mas que, no presente, tem vindo a perder visibilidade, apesar de consubstanciarem um dos traços identitários históricos mais vincados do Planalto», vinca o município.

 

Segundo os estudiosos, os Pendões existentes nos povoados de todo o território do antigo Reino de Leon, do qual a Terra de Miranda era parte integrante, teriam a sua origem nos Pendões militares medievais que guiaram a reconquista cristã da Península Ibérica, os quais, ao perderem a sua função bélica, haveriam sido incorporados pela Igreja e integrados nos rituais religiosos e assim chegado aos nossos dias.

 

De cores onde predominam o vermelho carmesim (cor identitária do reino de Leon) e ainda o verde, o branco, azul, amarelo e creme, e de proporções majestáticas (hastes que podem atingir 13 metros e dimensões de pano a condizer), «os desfiles de pendões são um espetáculo inolvidável de cor e energia, que vai emprestar à cidade mirandesa a maior nobreza na celebração do seu dia maior», afiança o município.

Em Alfama vai nascer um Museu Judaico

DSC_5313-Panorama.jpg

 

A cidade de Lisboa vai ter um Museu Judaico, uma obra que será gerida pela Associação de Turismo de Lisboa (ATL). O novo espaço vai ficar situado em Alfama, e só deverá abrir portas em 2017, diz a Lusa. O projeto envolve também a câmara e a Comunidade Israelita de Lisboa, a qual terá de «assegurar a cedência do projecto de arquitetura, da autoria da arquiteta Graça Bachmann» e, ainda, «ceder e intermediar, junto de terceiros, a cedência do espólio museológico relevante para a constituição do museu».