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Portugal à Lupa

Há 13 anos a calcorrear o País como jornalista, percebi há muito que não valorizamos, como devíamos, o que é nosso. Este é um espaço que valoriza Portugal e o melhor que somos enquanto Povo.

Portugal à Lupa

Há 13 anos a calcorrear o País como jornalista, percebi há muito que não valorizamos, como devíamos, o que é nosso. Este é um espaço que valoriza Portugal e o melhor que somos enquanto Povo.

Nicola: no histórico café ainda há memórias de conspirações

Lugar de conspirações políticas, debates de ideias, discussões literárias e culturais, o n.º 24-25 da Praça Dom Pedro IV, em pleno Rossio, conta, ainda hoje, uma história que haveria de começar no final do século XVIII. Falamos do Café Nicola, um espaço que continua a ser hoje ponto de encontro de lisboetas e local de passagem de turistas.

 

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Texto e Fotos | Ana Clara

 

«Eu sou Bocage, venho do Nicola, vou p’ró outro mundo, se dispara a pistola».  A frase, inscrita num cartaz, de cor branca, junto à entrada do Nicola, é do próprio poeta setubalense (1765-1805), presença assídua do café histórico da baixa lisboeta.

 

«Conta-se que a frase foi dita pelo próprio Bocage quando, sentado na esplanada do café, um polícia lhe perguntou quem era, de onde vinha e para onde ia, ao que ele terá respondido daquela forma», conta José Cobra, funcionário do emblemático espaço.

 

Foi tal a assiduidade de Bocage no Nicola, que ainda hoje existe no interior do café-restaurante, uma escultura em sua homenagem, da autoria de Marcelino de Almeida.

 

O exemplo de Bocage é apenas um, mas muitos outros podíamos dar, que comprovam que a elite da capital do século XIX e XX não prescindiam das suas mesas no Nicola.

 

O histórico café do Rossio abriu as portas, pela primeira vez ainda no século XVIII (1787) com o nome «Botequim do Nicola», pelas mãos de um italiano com o mesmo nome.

 

Já nessa época fez sucesso junto de políticos, artistas e escritores da época, que o frequentavam. Só em 1928 havia de mudar de gerência quando Joaquim Fonseca Albuquerque o comprou. Passou a chamar-se então apenas Nicola, nome que manteve até hoje.

 

A inauguração oficial, aconteceria um ano depois, a 2 de outubro de 1929. A fachada exterior, da autoria do arquiteto Norte Júnior, até à baixela em prata. Os pormenores foram todos escolhidos a rigor.

 

No interior talha de madeira, ferros forjados e muitos lustres compunham a decoração e em mais uma homenagem a Bocage, que fazia do espaço a sua segunda casa, o pintor Fernando Santos havia de o retratar nas telas que decoravam as paredes interiores e o teto.

 

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Em 1935 sofreu nova remodelação com um estilo mais moderno, numa espécie de transição dos anos 30 para os anos 40. As telas foram substituídas pelas atuais representando as mesmas cenas e retratando Bocage de forma semelhante. Só a escultura e a fachada se mantiveram intactas até aos dias de hoje.

 

«Atracção turística»:

 

José Cobra explica que o Nicola «continua a ser um lugar histórico da cidade de Lisboa», sendo «uma das grandes atrações turísticas» da baixa pombalina. «Os turistas são os que têm mais curiosidade porque mantivemos, ao máximo, a história que lhe deu nome», afirma, acrescentando que os portugueses também «reconhecem o valor do espaço».

 

Para José Cobra, «é evidente que hoje este tipo de casas já não serve os objetivos que em séculos passados tinham», referindo-se ao facto de os cafés serem, em muitas cidades portuguesas, lugares «de conspirações de toda a ordem» e onde até «os próprios empregados eram informadores» de «vários lados da barricada».

 

A provar isto mesmo encontramos no espaço um folheto sobre a história do Nicola onde se conta que aqui se pensaram golpes de Estado, insurreições militares e políticas. Nos 40 anos do Estado Novo em Portugal, o Rossio era o palco privilegiado da Polícia Internacional e de Defesa do Estado (PIDE), conta José.

 

«Diz-se que os “pides” adoravam vigiar os cafés da cidade à caça dos inimigos do regime, entre eles, o Nicola, claro», adianta.

 

«É o que resta das memórias dessas conspirações que vamos contando a quem pergunta», sublinha o funcionário, que aqui trabalha há mais de 30 anos.

FIA 2016 regressa no final de junho

De 25 de junho a 3 de julho a FIL está de regresso a Lisboa  Feira Internacional de Artesanato (FIA). Considerada a maior festa intercultural na Península Ibérica e a segunda maior da Europa, organizada pela Fundação AIP com o apoio do IEFP, a FIA promove todas as regiões e suas culturas, mobilizando as especificidades locais em prol do desenvolvimento nacional e crescimento económico.

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A FIA traz à capital, durante 9 dias, profissionais e apreciadores dos ofícios artesanais, artes e design, agentes da área da gastronomia tradicional, bem como interessados no artesanato enquanto manifestação cultural.

 

Em destaque estarão novas áreas de exposição como o Espaço Design Nacional by LxD – Lisboa Design Show, que irá promover peças de joalharia, vestuário, calçado, mobiliário, entre outros, de origem nacional e também terá o Espaço Mixmarket, dirigido ao setor multiproduto e de origem não étnica.

 

À semelhança da BTL, a FIA é daquelas montras onde faltar é proibido. Apontem na agenda.

Castelo Novo: a aldeia que se aconchega no abraço da Gardunha

Na parte sul da Serra da Gardunha, entre as ribeiras de Gualdim e de Alpreada, situa-se a aldeia histórica de Castelo Novo. Aqui dominam as típicas casas de pedra granítica da Beira Baixa. Tomada de longe, a serra parece abraçar a localidade, com perto de 300 habitantes, numa imagem de bilhete-postal. A agricultura é a atividade principal de uma aldeia que vai resistindo à interioridade, ancorada no turismo, que aumentou nos últimos anos.

 

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Texto e Fotos | Ana Clara 

 

Ao abandonarmos a autoestrada da Beira Interior (A23), no Fundão, avista-se ao longe um casario encravado na serra da Gardunha. A imagem parece saída de um postal turístico, onde predomina o verde da estação primaveril, numa espécie de abraço que envolve a povoação encravada nas encostas da serra.

 

Assomem na paisagem algumas cerejeiras carregadas de flor. Promessa do fruto que amadurecerá sob o calor da nova estação. Próximo, à beira da estrada, uma placa rodoviária indica que estamos na direção certa. Castelo Novo, no concelho do Fundão, tem estatuto de localidade histórica desde 1994, altura em que integrou a Rede de Aldeias Históricas de Portugal. À medida que nos aproximamos, um sol intenso de Primavera, convida-nos a percorrer as ruas da localidade. Subimos à aldeia, onde existem recantos em cada rua e ruela, e onde predominam as casas de granito tipicamente beirãs e os seus alpendres solarengos.

 

No Largo D. Manuel I encontramos os primeiros habitantes da aldeia. José Duarte, natural de Castelo Novo, construtor civil e agricultor «uma vida inteira», desliga o motor do trator que conduz. Mete conversa com o conterrâneo Joaquim Paulino, que está de regresso para o almoço depois de uma manhã de rega na horta que cultiva nas redondezas.

 

Encetamos conversa com os dois homens, que avivam memórias da aldeia que os viu nascer e cuja existência surge nos escritos do Reino, pela primeira vez, em 1208, através de D. Pedro Guterres, o primeiro governador da localidade.  

 

José Duarte dedica-se também à fruticultura, um dos setores produtivos «mais fortes» nesta região da Beira Interior. «As cerejas e os pêssegos são os frutos mais produzidos por aqui, mas cultivamos de tudo, é o que a terra dá, desde batata, a feijão e cebolas», adianta.

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Também Joaquim Paulinho se dedica à Agricultura. Aos 56 anos, refere que também nunca saiu de Castelo Novo, e é o negócio da fruta que lhe dá o «sustento da casa», produzindo não só para consumo doméstico como para venda nos mercados de Alcains, Atalaia e Póvoa, localidades próximas de Castelo Novo.

 

Turismo e «romaria» em Agosto

 

Castelo Novo conta, hoje, com uma população aproximada de 300 habitantes. Os jovens «vão embora à procura de emprego que na terra não há» e até a escola primária, «que animava a aldeia» fechou. José Duarte diz que são os turistas, sobretudo espanhóis, que «vão animando a terra durante o ano todo».

 

«Depois de a terra ter passado a aldeia histórica e com a construção da A23 isso trouxe mais turistas», afirma José Duarte, acrescentando que muitas casas foram recuperadas. «Durante muitos anos, algumas famílias residentes em Lisboa aproveitavam para vir descansar para aqui aos fins-de-semana. Mas agora, com as portagens na A23, muitos já não vêm com tanta frequência».

 

É em agosto que Castelo Novo se enche de gente. Os emigrantes, essencialmente radicados na Suíça e em França, regressam à terra com as famílias e «é uma romaria o mês todo». 

 

Deixamos José e Joaquim e prosseguimos viagem até à Casa da Lagariça, no Largo Petrus Guterri, onde Francisco Afonso abriu, há seis anos, uma loja de artesanato.

 

Casa com um nome sobejamente conhecido em Castelo Novo por ali mesmo ao lado ter existido um lagar de vinho datado dos séculos VII e XVII. Escavada na rocha a lagariça testemunha ainda hoje as primeiras culturas e práticas vitivinícolas da região, servindo em tempos idos para o fabrico do vinho da comunidade.

 

Francisco Marques, que nos acompanha na visita, refere que a vida na aldeia «é pacata» e que «é um verdadeiro paraíso para descansar». A sua loja, aberta apenas aos fins-de-semana, veio dar «mais vida à aldeia» e reconhece que, apesar de a crise afetar «o país de forma transversal» é essencial «dinamizar estas aldeias. Só assim se pode contrariar os que abandonam a terra, dando também algo a quem nos visita», sublinha.

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É precisamente Francisco que nos conduz no resto do percurso, que considera «obrigatório», à aldeia. A paragem seguinte é precisamente o castelo, um elemento de referência, com a sua imponente torre de menagem, e cuja construção data do século XIII (1202), no reinado de Sancho I.

 

Situado por detrás dos paços do concelho, no ponto mais alto e central da aldeia, impõe-se do alto das suas muralhas, «numa verdadeira representação de arquitectura militar gótica e manuelina», conta Francisco. 

 

No pano de muralha é visível a existência de duas portas a nascente e a poente, que constituíam entradas na cidadela. Da torre de menagem, a vista sobre a aldeia é privilegiada. Miradouro sobre a teia urbana, um labirinto apertado de casario que forma jogos de luz e sombra.  

 

No castelo há ainda um miradouro virtual que convida os turistas a olhar mais de perto a aldeia, e que conta a história e das tradições de Castelo Novo.

 

Da estrutura defensiva, regressamos às ruas da aldeia. Francisco não descura o seu papel de anfitrião, levando-nos a visitar o Chafariz da Bica, um monumento barroco ostentando a pedra de armas de D. João V. Passamos, ainda, pela praça onde se encontra o pelourinho, de estilo manuelino.

 

Também consideradas monumentos de «real valor arquitectónico», como conta Francisco Afonso, são as igrejas. E Castelo Novo possui duas, «devidamente restauradas». A Igreja Matriz, de estilo medieval, remodelada no século XVIII e que possui no seu interior elementos que representam o estilo barroco. Na Rua da Irmandade da Misericórdia, encontramos a Igreja da Misericórdia, do século XVII.

 

Nas ruas e ruelas as casas apalaçadas conferem a Castelo Novo um tom diferente de encantamento. Há, também, antigos solares do século XVII, pequenas varandas de madeira e na calçada vestígios romanos.

 

No percurso pela aldeia, o silêncio predominante, é apenas interrompido pelas brincadeiras de rua de algumas crianças.

 

Ao deixarmos Castelo Novo, e à medida que nos afastamos, o quadro que nos é devolvido, embora não diferindo do que encontrámos ao chegarmos, ganha os contornos de um sol poente. Um fim de dia com a promessa de uma noite de abóboda constelada, longe dos céus foscos das grandes cidades.

 

Na estrada, de regresso, recordamos as palavras de Francisco Afonso. Há um «ritual da natureza que embeleza Castelo Novo. Especialmente sempre que chega a primavera».  

Oleiros: rota das Montanhas, «a evasão da rotina»

Sob o lema “a montanha é a evasão da rotina” a Rota das Montanhas de Oleiros assume-se como um dos maiores cartazes turísticos da região. Um roteiro à disposição do turista que permite explorar o território da Beira Baixa. São cem quilómetros de extensão num itinerário para se fazer de carro e que abrange geomonumentos e outros pontos turísticos do concelho. Atrair turistas e promover o território são dois dos objetivos da iniciativa que promove igualmente a gastronomia, artesanato e tradições locais.

 

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Texto | Ana Clara

Fotos | Câmara de Oleiros

 

A ideia da Rota das Montanhas de Oleiros passa por atrair novos públicos, nomeadamente os adeptos do montanhismo e da evasão da rotina, assim como diversos operadores turísticos que pretendam desvendar novas vertentes do turismo de montanha.

 

A Rota foi apresentada pela primeira vez em Dezembro de 2010 no âmbito da celebração do Dia Internacional das Montanhas.

 

Sob o lema “a montanha é a evasão da rotina”, o projecto impõe-se como um roteiro turístico idealizado conjuntamente pelo município de Oleiros e pela Naturtejo, entidade que promove o Geoparque Naturtejo, sendo que pretende ser uma ferramenta turística diferenciadora no contexto em que se insere e inspirando-se na tão procurada e diversificada “cultura de montanha”.

 

Trata-se de um itinerário circular por estrada, com quase 100 quilómetros de extensão, abrangendo todo o concelho de Oleiros, em pleno Geopark Naturtejo.

 

A história do padre António de Andrade, natural de Oleiros, que escalou os Himalaias no século XVII também deu o mote a esta iniciativa. O roteiro desenvolve-se num cenário envolvido pelas «míticas montanhas» onde no século XVI nasceu o Padre António de Andrade, «escalador dos Himalaias e descobridor do Tibete».

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A Rota das Montanhas de Oleiros convida, assim, o geoturista a percorrer o território, atravessando paisagens naturais e pensadas pelo Homem (paisagens culturais); a viver a sua cultura e a experimentar os seus produtos endógenos.

 

Os turistas que pretendam realizar esta Rota terão como suporte um mapa onde aparece delineado o percurso viário pelo concelho e pelos seus 33 pontos de interesse, todos georreferenciados.

 

Entre monumentos históricos e naturais, praias fluviais, manchas florestais, aldeias típicas e em xisto, locais de artesanato ao vivo, miradouros, parques de merendas e percursos de BTT e pedestres de pequena e grande rota.

 

Há também vários percursos pedestres ao dispor do turista, com destaque para a grande Rota do Zêzere (que percorre o Rio Zêzere da nascente à foz, percorrendo mais de 50 quilómetros no concelho de Oleiros), a Grande Rota Muradal-Pangeia (Trilho Português dos Apalaches) e os quatro PR´s existentes (os dois Caminhos do Xisto, a GeoRota do Orvalho e o Trilho do Estreito).

  

A cultura, a gastronomia e o artesanato do concelho aparecem referenciados nesta Rota sob a marca de “produtos da montanha”. Várias iguarias gastronómicas atraem inúmeras pessoas ao concelho, como o cabrito estonado, a aguardente de medronho, os geodoces de Oleiros e do Vinho Callum, mas também o artesanato local.

 

Neste campo, destacam-se as afamadas peças em linho, originárias da mais autêntica tecelagem artesanal; os bancos de cortiça (também chamados de “tropeços”); peças únicas em madeira de várias espécies; casas em xisto e peças de cerâmica decorativa, pintadas à mão.

 

No mapa do roteiro, além da sugestão dos oito empreendimentos turísticos de alojamento existentes no concelho, a gastronomia e os produtos típicos de montanha também não são esquecidos, havendo informação sobre os restaurantes e as oficinas de artesanato do concelho.

 

A Rota das Montanhas de Oleiros abrange a totalidade do concelho de Oleiros e foi criada em parceria com empresas intermunicipais, como é o caso da Naturtejo e da Rede das Aldeias do Xisto.

Uma app que ajuda a descobrir os Açores

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Desde 24 de maio que os turistas que visitam os Açores têm mais uma ferramenta que os pode ajudar a descobrir a beleza do arquipélago. Trata-se de uma aplicação (app) dedicada aos Parques Naturais.

 

A app fornece informações sobre a biodiversidade, vulcanologia, geologia, centros ambientais e a existência de trilhos disponíveis dos vários parques naturais de cada uma das ilhas.

 

Gratuita e disponível em português e inglês, a app pode ser descarregada para smartphones e tablets nos sistemas operativos iOS e Android.

 

O lançamento desta aplicação gratuita está integrada na comemoração do Dia Europeia dos Parques Naturais, anualmente assinalada pela Federação Europarc e pretende consciencializar o público sobre a importância da conservação e gestão sustentável das áreas protegidas.

 

Saiba mais sobre os Parques Naturais dos Açores aqui.